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terça-feira, 13 de julho de 2010

As vezes é bom sabermos quem decide certas coisas pela sociedade . .

Ao comentar no post do Afonso abaixo me veio a cabeça o Conar, que trabalha nesse mundo da publicidade aqui no Brasil, citei no comentário um pouco sobre ele, mas decidi buscar mais informações e coloca-las aqui para o nosso blog, pois acho que vocês acharão interessante como um órgão que não é publico entra na vida das pessoas todos os dias.
Peguei dois artigos: um do próprio site do Conar, e um outro da revista Exame, que mostram um pouco sobre alguns pontos interessantes.

"O Conar é o Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária. É uma entidade do mercado publicitário. Segundo a auto-apresentação publicitária que o próprio Conar faz de si em anúncios veiculados na imprensa, ele é "um órgão criado por agências, anunciantes e veículos para zelar pelos limites éticos da comunicação comercial". Nessa auto-apresentação publicitária, o "órgão" promete proteger o consumidor. "Se algum dia um anúncio ofender a sua família, defenda-se: faça uma queixa ao Conar. Você vai evitar que os outros consumidores também se sintam prejudicados ou ofendidos, e vai ajudar a elevar cada vez mais o nível da propaganda brasileira.
...Quando se trata de debater sua própria conduta ética, quando se trata de debater os direitos dos telespectadores, bem aí, é inútil contar com os ouvidos e com a sensibilidade da TV comercial.

De uns tempos pra cá, pelo menos existe o Conar. A publicidade abusou? Tem mensagem racista? É preconceituosa? Nesses casos, ele pode ser eficaz. Já é alguma coisa. Melhor que nada.
... O Conar apenas defende a boa imagem da publicidade. Seu interesse fundamental é fortalecer o mercado anunciante e, para isso, ele sabe, e faz saber, que a credibilidade é indispensável. Aparecendo como defensor do cidadão indefeso, o Conar ajuda a melhorar o conceito que a sociedade tem do negócio da propaganda. É só disso que se trata.
...Eu repito: o Conar é bem-vindo. É um fator de educação dos publicitários, o que é necessário e urgente. Mas ele não é e nem poderia ser defensor do cidadão. "

O segundo artigo da revista Exame trás os motivos pela retirada do comercial da cerveja Devassa do ar.

"Esta semana o Conar, um grupo de autorregulamentação publicitária formado por luminares da Comunicação, doutos senhores e respeitáveis senhoras que dedicam seu valioso tempo a defender inocentes brasileiros como você e eu da tremenda ameaça dos comerciais malvados, abriu nada menos que três processos contra a ação da Devassa. Um dos modos que eu uso para definir o Conar é assim: órgão perseguidor dos comerciais que dão certo. Basta uma publicidade causar, atingir seus objetivos, gerar discussão, curiosidade, bafafá, que o Conar entra em ação como uma tia velha, carola, solteirona, amedrontada e pouco instruída para trazer tudo de volta à mornura e à mesmice. Outro jeito que me ajuda a mapear o Conar: tudo que eu acho legal eles vetam. Tudo que eu considero criativo, ousado, divertido, bem sacado faz os bigodes do Conar eriçarem suas cerdas grisalhas.
...Eis o mérito dos processos contra a ação da Devassa: o primeiro, impetrado por um consumidor (ou por uma consumidora), reclama da sensualidade do filme.
...O segundo processo, iniciativa do próprio Conar, reclama do “estímulo ao uso excessivo de bebidas alcoólicas”. (Eu assisti aos comerciais, visitei o site e honestamente não entendo no que essa ação é diferente de todas as outras publicidades de bebidas mundo afora no tocante ao estímulo ao consumo. Ademais: comercial não existe exatamente para isso – estimular o consumo? Não é a maior das hipocrisias e o cúmulo da falsidade gente que vive de estimular o consumo de absolutamente tudo, e que construiu a sua carreira vendendo qualquer coisa para qualquer um, agora vestir o fraque e as luvas brancas e vir com esse tipo de conversinha?
...O terceiro processo, impetrado pela Secretaria Especial dos Direitos da Mulher, reclama do filme pelo “conteúdo sexista e desrespeitoso à mulher”. Imagino que o ressentimento se refira à reificação da moça, ao aproximar a loira humana da loira gelada. E que a bronca seja também com o retrato da moça como um símbolo sexual."

Nesse mesmo artigo, que eu apenas reproduzi alguns trechos acima ele levanta uma discussão que deixo na integra a baixo:

"Ao fim e ao cabo, ao contrário do que eu tinha imaginado, nenhum dos processos do Conar se refere ao fato de a ação da Devassa ser mais um elemento a tirar audiência da TV aberta e levar para a internet. O beiço, portanto, aparentemente, não se deve a esse pequeno mas importante detalhe.

Encerro meu arrazoado afirmando ao Conar, aos telespectadores pudicos e caretas e à Secretaria Especial dos Direitos da Mulher, entre outros verdugos do direito de expressão, comercial ou não, e do meu direito de decidir ouvir ou não, de ver ou não, de ler ou não o que essas empresas tem a dizer, que o pior castigo para um mau comercial é o julgamento popular negativo. O pior revés para uma publicidade ruim é vender mal um produto. Ou desvendê-lo, afastá-lo da estima das pessoas, criar rejeição. Ou seja: não há nada pior, para um comercial malfeito, do que ser veiculado.

A alternativa a isso é censura. E, nessa perspectiva, talvez fizesse sentido cassarmos a própria marca, que é um acinte: “Devassa”. Onde já se viu? Assim como o slogan: “Um tesão de cerveja”. Absurdo. A nomenclatura dos tipos de cerveja – Loura, Índia, Ruiva e Negra – também soa absolutamente sexista e desrespeitoso. Sem falar nas comidinhas que aparecem no cardápio das Cervejarias Devassa: os pratos, bem gostosos, aparecem com nomes como Gulosinhas, Afogadinha no Tutu, Carnudinha, Na Moita, Bem Dotado, Deditos Endiabrados e por aí vai. Quanta barbaridade.(SILVA,2010)"


Depois de ler um texto assim sobre algum tipo de censura, muitas vezes cega a sociedade comum, que eu entendo a importância das discussões que estamos tendo em sala, pois o mundo não é exatamente como querem que a gente engula ele!


Fontes:
Acesso em: 13/07/2010.
Acesso em: 13/07/2010.

9 comentários:

  1. A iniciativa do Conar é excelente, pq já estou farta de certos comerciais ridiculos que passam, por isso raramente ligo a TV! Sendo careta ou não, banalizaram certas coisas que não compreendo, como escandalizam a mulher como símbolo sexual e até o homem às vezes, talvez estes comerciais de cerveja sejam ainda piores qto à isso, não tds pq aqueles que se restringem à meros churrascos em que as pessoas estão vestidas naturalmente com suas roupas de verão, por mais que mostre os corpos brasileiros sensuais e rostos bonitos, são harmoniosos e retratam a realidade de muitos, isto é, não desrespeitam o ser humano, entretanto apelar colocando tantas idéias sexuais como no trecho do artigo que fala "nas comidinhas que aparecem no cardápio das Cervejarias Devassa: os pratos, bem gostosos, aparecem com nomes como Gulosinhas, Afogadinha no Tutu, Carnudinha, Na Moita, Bem Dotado, Deditos Endiabrados e por aí vai. Quanta barbaridade.(SILVA,2010)" é de fato muita barbaridade, acredito que a censura seja boa neste caso para não influenciar tantas crianças, por exemplo, que assistem à estes comerciais, supondo que nós mais crescidinhos já podemos fazer nossa própria censura e desligar a TV se não quisermos engular este tipo de ignorância que coloca o ser humano como mero símbolo sexual. E a ideologia por trás disso td? O "capetalismo" que pouco se importa com nossos sentimetos e apela p/ o instinto humano de reprodução p/ vender seu produto. Poupem-me!

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  2. Acredito q o q o José quis descutir foi a proibição de veiculação de certas propagandas enquanto outras de msm calão ou até piores continuaram a passar na tv. Como se esse órgão fosse vendido a certas marcas, defendendo o interesse de determinadas empresas ao invés de nos defender.

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  3. Mas quanta ingenuidade.
    Só pode ser brincadeira neh?!
    O comercial tem que ser censurado?
    Então censurem a novela que agora parece mais filme pornô.
    Casseeta e planeta tem classificação de 14 anos, ahh vai...
    O Big brother que tem como um dos patrocinadores a AMBEV passa mais da metade do tempo mostrando a galera em roupa de banho, tomando sol, quando o assunto é sexo aí já era passam 3, 4 programas desvendando o que acontece no "cafofo".

    O que mais me assusta é ver que um comercial de cerveja com um monte de mulher de biquine, magra, caras sarados, todos sempre felizes e curtindo, até o cara que vende cerveja na praia tá tão feliz, tudo isso passando em julho nessa chuva, isso é "harmonioso"??? retrata a realidade de muitos? "Que muitos"?


    E o que me fez chorar de tanto rir: Isso foi na época do CARNAVAL, ahhh não pelo amor de meu Deusinho.
    Ah e não adianta nem falar do horário dos desfiles, pq temos que lembrar das reportagens, imagens, e tantas outras coisas que se podia ver no jornal a tarde.
    Mas o comercial sim, retrata a mulher como objeto!
    ahan!!
    Mas eu prefiro algo que seja mais direto do que a tentativa de alcançar meu subconsciente.

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  4. Lembrando que não existe apenas uma versão sobre cada história. Vamos dar umas pesquisada?? É algo muito bom pra se discutir no bar ^^

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  5. rsrs, me referi a um determinado comercial de cerveja que vi durante o verão msm, no qual as pessoas estavam vestidas e não seminuas, retrata a realidade mta gente q vai a churrascos durante o verão, q tomam cerveja, comem e jogam conversa fora!
    tbm pensei na ingenuidade, porém ter a pretensão de mudar a comunicação de massa de milhares de pessoas ignorantes q consideram este conteúdo sexista normal não é ingenuidade, já q existem tantas coisas q não concordamos e gostaríamos de mudar p/ melhor pq não pensar nessas banalidades? E realmente a maioria coloca o ser humano como mero objeto, não apenas a propaganda, este foi só um exemplo!
    ótimo assunto p/ o bar!

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  6. Galera, td o q a prof.a está ensinando sobre a desconstrução e de se expor mais é mto interessante na teoria, porém na prática é beem mais complicado,vcs tbm estão sentindo esta dificuldade? Pq eu sempre aprendi q a crítica não é construtiva, pelo contrário acaba com td o q a pessoa colocou, percebo q este blog com essas discussões e exposição tão clara dos meus pontos de vista fará uma desconstrução em mim msm dos meu repertório de conceitos.. (desabafo)!

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  7. Pow jéssica eu tenho tentado sempre discutir.
    E pra isso as vezes tento mostrar o lado de algo que não concordo.
    Acho que o simploes fato de você criticar algo que "acha bom" ou defender algo que na sua visão é "errado" já é uma desconstrução.
    Você sai do seu ponto de vista, e tenta ver a história por vários ângulos, é uma coisa meio curiosa de se fazer.
    O melhor é que as críticas por mais que possam destruir o que você colocou, abre brecha pra uma outra crítica. Não vai haver uma conclusão ou uma verdade final sobre algo.
    E acredito que a leitura de quem vê uma discussão é totalmente diferente da visão de quem a discute.
    Nossa nem me fale é muito difícil pra mim enxergar as coisas sem a bipolaridade citada pela professora, na minha vida sempre existiu o "CERTO" e o "ERRADO".
    Mas já começo a enxergar melhor algumas coisas.

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  8. É vdd Afonso, é mto mais simples estar na bipolaridade do "certo" e "errado" do q ver por vários ângulos. Tbm começo a enxergar melhor td o q me cerca com este olhar crítico que não há conclusões finais :)

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  9. na publicidade é muito difícil decidir o que é certo ou errado, pois é realmente um campo totalmente plural, mais dentro de uma certa noção de realidade, sou contra as tentativas de censura que as vezes somos tentados a aceitar!

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